Não consigo gostar da área que eu atuo. E agora?
Eu tenho estudado muito, mas muito mesmo, sobre alguns fenômenos que estamos observando nos últimos poucos anos que estão impactando diretamente na nossa carreira. Cenários que mudaram consideravelmente antes da pandemia, e recentemente após a este período - além de uma influência direta da economia global, mas não somente nos empregos – como sempre ocorreu – afetando também diretamente a nossa empregabilidade no nosso mais íntimo sentido e vontade de ser para realizar.
É como se em pouquíssimo tempo, nossas gerações pudessem viver todos os tipos de modelos de trabalho andando em paralelo, como nunca havíamos observado antes. E confesso para vocês que fico assustada e preocupada como os jovens que estão entrando e enfrentando essa nossa era, me colocando cada vez mais em prontidão para servir e encontrar um caminho de partilha que cause menos angústia e convido você, leitor, a refletir comigo.
Os millenials – a geração que hoje tem entre seus 25 e 40 anos – são os que mais vem sofrendo com tantas mudanças – tamanho o significado de ausência e vazio entre os 33 e 37 anos em uma era onde estudou-se muito para conquistar algo, a era do workaholic ou do quiet quitting – uma geração inteira que cresceu acreditando na mobilidade social e econômica proporcionada pela educação superior para a conquista da independência financeira e claramente não está acontecendo bem assim - estamos vivendo anos mais confusos e cheios de ansiedade da vida adulta. Ao final, essa geração acabou se tornando aquela que tem que dar conta de tudo, trabalhar muito, mas ao mesmo tempo buscar ao máximo “o equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, em meio a relacionamentos igualitários, construindo suas marcas pessoais em mídias e ao mesmo tempo demonstrando autenticidade em qualquer posicionamento em meio a tantas atualizações. Uma geração que sofre mais com efeitos nocivos à saúde, como o burnout, depressão, stress agudo.
O fato é que não precisa e não deve ser assim.
Ao mesmo tempo que essa geração esta sofrendo sozinha o vazio no peito sem saber para onde ir, ela seguiu acompanhando de longe os seus sucessores, também denominados por alguns de Alfa, conquistando sem apego algum, sem amarras a quaisquer lugar: empresas ou países, e em uma velocidade cada vez mais rápida, não com menos trabalho, porem certamente com esforço diferente – além de ler pela mídia – jovens abaixo dos 30 anos; fazendo fortunas milionárias na era do digital.
Esse contexto para explicar que as vezes o que você sente ai dentro, além de você não sentir sozinho, tem uma influencia muito forte na identidade geracional, a sua idade, o lugar que você vive em meio a momentos importantes para a economia – ainda que culturais, geopolíticos e de tecnologia. Tudo tem influência.
Aceitar que está tudo bem, o fato de revisitar e repensar sua carreira, considerando o contexto inserido, uma vez que ele também sofre evoluções a todo momento, já é um grande passo. Porém que fique claro que a culpa não é deste contexto. Voltamos ao nosso conceito de autorresponsabilidade – onde quem vai definir somos nós, os donos da situação! Nós somos responsáveis pela vida que nós levamos. E a boa notícia que eu apresento é que pode ser feito de uma maneira mais estruturada e pensada, sem necessariamente sair correndo para uma segunda ou as vezes até terceira graduação.
Importante focar em estratégia, para gerar resultado. Mudar só por mudar, pode gerar mais frustação ainda. Identificar aquilo que realmente faz o seu coração bater, trabalhar por amor e não é clichê ou algo impossível. Pode não ser possível agora se financeiramente você não estiver preparado. Mas é muito importante que você não faça mudanças somente pela dor que te aflige nesse momento.
É hora de parar e pensar em como estruturar bem um plano de carreira. Eu te diria para seguir três passos para início de conversa, são eles:
- Tente buscar um processo de autoconhecimento sem fugir da sua realidade, identificando temas que você gosta de ajudar, temas que as pessoas te buscam para achar uma solução, assuntos que você gosta de passar tempo estudando e lendo.
- Se você se sente desmotivado, use esse momento para planejar os próximos passos de sua carreira de modo a te trazer felicidade. Ninguém vai resolver isso para você até que você mesmo resolva. Sem a clareza do plano de carreira, você corre o risco de mudar e continuar insatisfeito.
- Não invista em outra capacitação, aqui eu digo, outra graduação, pós graduação, MBAs, cursos técnicos sem antes ter a certeza do retorno. Não faça por fazer, preencher buracos, ou por que está em alta. Defina primeiro a sua estratégia de carreira de maneira bem clara, para definir sua capacitação.
Quando a gente escolhe com o que trabalhar, a relação é diferente, amando ou não, mas certamente será por amor... busque sempre outras fontes de prazer na sua vida, que não seja também somente no trabalho. Enquanto não chegar esse momento, não declare amor ao problema e trabalhe para que você seja solução.
É hora de acalmar e ter tempo para você se ouvir e repensar melhor. Nós temos falado muito aqui sobre como a carreira na área de Compras pode abrir inúmeras portas em grandes organizações, em grandes projetos e em áreas diversas daquelas que você se graduou, te conectando com várias pontas, desde clientes internos até fornecedores locais e globais. Tem um texto ótimo aqui no portal, do Guilherme Viveros, neste link Como as novas gerações podem se "encontrar" em Suprimentos - Procurement Digital ele conta um pouco sobre algumas oportunidades nesta área. Vale muito a leitura por que também pode te ajudar a abrir um pouco os olhos para uma nova ótica.
Prepare-se bem, estruture seu plano e só depois comece a agir. Agora não seria a hora de ter pressa, e sim, senso de urgência, para não ficar parado somente vendo os acontecimentos. Seja estratégico.
Com carinho,
Aline, @nobrium_carreira