A expansão da geração elétrica no Brasil bateu recorde em 2023, e uma das fontes responsáveis por isso foi a solar, que atualmente é a segunda maior matriz energética do país – atrás apenas da hídrica.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em fevereiro de 2024 a energia solar já acumulava uma potência instalada de 39.857 MW (megawatts), ou seja, 17,5% entre todas as matrizes.
Dos 2.448.209 sistemas solares instalados pelo país no mesmo período, 78,7% estavam em residências, enquanto 10,7% estavam em comércios e serviços, e apenas 1,6%, na indústria. Da potência instalada, 99% são para microgeração [até 75 kW (quilowatt)] e minigeração (entre 75 kW e 5 MW).
Ou seja, a geração de energia solar tem mostrado força entre pequenos produtores, como pessoas físicas que buscam por economia no final do mês. Porém, antes de mais nada, é preciso entender que se trata de um investimento de longo prazo, ou seja, o retorno é demorado. Mas pode ficar mais interessante caso você tenha um carro elétrico na garagem.
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Como funcionam os painéis solares?
Os módulos fotovoltaicos (popularmente conhecidos como placas solares) devem ser instalados em locais onde a incidência direta da luz do Sol seja a maior possível, sem obstrução por sombras, observando ainda o movimento do Sol, para que as placas aproveitem o máximo de luz.
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Com elas instaladas, a luz é captada e encaminhada ao inversor solar, um equipamento que transformará a energia produzida, que é do tipo corrente contínua (DC), em corrente alternada (AC), apropriada para o consumo. É esse mesmo aparelho que garantirá mais segurança ao sistema elétrico e apresentará informações sobre a geração de energia. Feita a transformação, a energia, agora como AC, vai para o quadro de força do local e aí, sim, passa a ser distribuída para o imóvel.
O quadro de força externo deve ser substituído por um bidirecional, que envia e recebe energia da rede externa, próprio para a operação. Essa etapa é feita pela concessionária de energia local, a partir do pedido de homologação (obrigatória) feito pelo proprietário do imóvel ou pela empresa responsável pela instalação da nova fonte energética. O processo, da compra ao uso, pode levar meses.
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Quanto custa para ter energia solar em casa?
Empresas do setor costumam fazer financiamentos proporcionais ao gasto mensal do cliente, ou seja, fracionar o valor total em parcelas cujo valor seja próximo ao da conta de energia, como uma substituição dos gastos. Em simulações, considerando uma conta mensal de R$ 600, empresas apresentam um plano de aproximadamente 70 parcelas de R$ 600.
O valor médio total, que inclui todos os equipamentos e a instalação, é de R$ 19.000. Ou seja, uma economia real só virá após mais de cinco anos e meio, sem contar as taxas da concessionária local, que seguem sendo cobradas, e gastos com a energia externa (entenda em seguida). Para um gasto de R$ 1.000 mensais, o investimento fica acima dos R$ 30.000, com um parcelamento em 60 vezes, aproximadamente. As placas variam em quantidade de acordo com marca, tamanho e capacidades.
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Os cálculos são feitos para que o consumidor chegue o mais perto possível de zerar a conta de energia, mas, na prática, não é tão fácil assim e o que acontece com frequência é um grande desconto mensal, já que a produção de energia acontece apenas durante o dia.
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Não há geração à noite e, em dias chuvosos ou nublados, a produção é muito menor – podendo chegar também a zero, a depender da luminosidade. Nesses períodos, o imóvel será abastecido com a energia da rede, ou seja, é bom ter em mente que a energia gerada é finita.
Durante o dia, no ápice da geração, entre 12 e 14 horas, é possível que o sistema gere mais energia do que é necessário no momento. Nesse caso, a energia excedente é enviada à rede distribuidora e convertida em créditos, que serão utilizados para abater a energia que foi consumida da rede (a proporção é de 1 para 1, ou seja, a cada kWh excedente, é gerado 1 kWh em crédito).
Tudo isso será detalhado na conta de energia. Há possibilidade de se instalar baterias para armazenar energia, mas elas são caras (passam dos R$ 20.000 e exigem um sistema diferente) e a geração precisa ser muito robusta para que haja energia de sobra a ser armazenada.
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Apesar de virarem créditos (que podem ser utilizados em até cinco anos), a energia excedente passou a ser cobrada pelas concessionárias em 2023, pela Lei 14.300, aprovada em 2022. Chamada de Fio B, a tarifa incide sobre o excedente pelo uso da rede, como para cobrir gastos dos sistemas de transmissão e distribuição.
Quem instalou sistema de geração solar antes de 7 de janeiro de 2023 está isento da tarifa até 2045. Quem o fez depois terá cobrança gradual até 2029, quando 100% da tarifa será cobrada – fazendo com que a conta de luz, mesmo com geração própria na residência, fique mais cara.
O uso de energia solar vai ao encontro da proposta de carros elétricos, já que carregar o carro em casa é ainda mais barato do que em postos públicos. Considerando a tarifa de R$ 1 por kWh, como na cidade de São Paulo, a recarga completa de um BYD Dolphin (com bateria de 44,9 kWh), sai por cerca de R$ 45.
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Na maioria dos postos públicos, o "tanque cheio" pode sair por mais de R$ 100. Ou seja, adequando o projeto ao gasto que se terá com um carro elétrico sendo recarregado na garagem de casa, há grande vantagem – não apenas pela redução (ou até isenção) dos gastos, mas pela praticidade de não depender de postos externos.
Pensando em sustentabilidade, há o fato de se abastecer um veículo que não gera emissões com uma energia limpa. Segundo a Abravei (associação de veículos elétricos), mais de 90% dos proprietários de veículos elétricos que moram em casas instalaram painéis solares.
A energia solar demanda um grande investimento, que demora a se pagar, mesmo com as facilidades de pagamento geradas pelas empresas. Porém, com um carro elétrico na garagem, ela soa ainda mais vantajosa, com um retorno mais rápido pela economia com a recarga frente aos custos dos combustíveis comuns.
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