Por Cleide Freitas | 19/05/2022 ás 12h43 | Atualizado 22/05/2024 ás 02h04

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Por que eles não compreendem o que eu falo?

Por que eles não compreendem o que eu falo?

Quantas vezes você ouviu ou disse essa frase? A comunicação muitas vezes parece complexa no ambiente corporativo. Fica aquela sensação que as áreas caminham em sentidos opostos e as informações se perdem num emaranhado de interesses individuais. Mas é importante lembrar que empresas não são constituídas por tijolos, mesas e computadores. Empresas são formadas por pessoas, indivíduos.

A repetição proposital da palavra indivíduo tem o objetivo de resgatar o seu significado, pois como indivíduos somos conhecidos pela nossa existência única e indivisível. E é aí que mora a raíz dos maiores problemas de comunicação. Como seres únicos não podemos tratar ou sermos tratados de forma padronizada. Parece complicado? Pode ser um pouco, mas a assertividade da comunicação está ligada diretamente à observação do outro, daquele que se destina a informação.

Quando queremos transmitir uma mensagem, aprovar um projeto ou até externar um feedback, o foco deve estar no receptor – na pessoa que vai receber a informação e não no emissor – no caso, a gente. Para tentar simplificar, vou contar uma história recente que aconteceu num cliente. O gerente de marketing estava com dificuldades para aprovar projetos de parceria junto à diretoria. Eu presto consultoria para a empresa e o marketing reporta todas as atividades para minha análise.

E contando sobre as propostas, por três vezes o gerente me disse: ele não me escuta. Segundo a neurolinguística, a forma como captamos as informações nos classifica como auditivos, visuais ou cinestésicos. No caso do meu cliente, o diretor era visual ou cinestésico, porque auditivo já havíamos identificado que não era.

Pessoas auditivas possuem maior facilidade em receber informações faladas; os visuais precisam ver os números e até um mapa mental do projeto; os cinestésicos precisam ouvir, ver e compreender todos os passos do que está sendo proposto. Como analogia, podemos pensar numa sessão de cinema: os auditivos querem ouvir sobre a história, os visuais vão ler a sinopse e os cinestésicos precisam de todos os detalhes – onde será  a sessão, quem vai, como voltam, qual o tempo de duração do filme, se vai ter pipoca e claro, a temática do filme.

Voltando a análise para o ambiente corporativo, uma pesquisa realizada pelo Project Management Institute (PMI), identificou que a comunicação é um ponto crítico em 64% das empresas brasileiras. De acordo com a pesquisa 2019 State of Employee Communication and Engagement Study, divulgada pela Dynamic Signal, 80% dos respondentes disseram que as falhas na interação promovem um estresse maior a ponto de se sentirem sobrecarregados por conta de uma comunicação fragmentada ou até desejarem sair da empresa. Isso sem citar o impacto negativo sobre os resultados dos negócios, que é assunto para outro artigo.

É claro que não podemos minimizar os problemas de comunicação à forma como as pessoas captam as mensagens, mas já temos um ponto de partida. O impacto da comunicação não verbal, da entonação das palavras e até o excesso de objetividade num e-mail podem gerar uma série de interpretações e desencontros. A comunicação é um exercício constante e a assertividade nesse processo é uma habilidade tangível que depende de cada um de nós. Uma comunicação eficiente acontece do indivíduo para o todo, por isso pense antes de falar, observe, escolha palavras que denotem o real significado do que você quer dizer e tenha certeza que tudo à sua volta ficará mais leve – no ambiente de trabalho e nas relações sociais também. Boa sorte!



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