Por que é importante diagnosticar as iniciativas de ESG nas empresas?
Para quem ainda desconhece a terminologia, a sigla “ESG” signfica Environment, Social & Governance, que remete às boas práticas que uma empresa deve adotar no que se refere à governança ambiental, social e corporativa.
Muitos perguntam, mas o fato é que não há uma certificação independente que autentique uma empresa, de uma forma geral, no que se refere a evidências documentais e procedimentais relacionadas às boas práticas de ESG.
Ser ESG é um compromisso com boas práticas de governança ambiental, social e corporativa. E, aquele que diz estar compromissado, mas age de forma diferente, pratica o que se chama de “Greenwashing”, ou seja, a empresa mostra uma falsa aparência de sustentabilidade, induzindo o mercado a erro, propagando informações falsas sobre responsabilidade ambiental, social e corporativa. Ou seja, a empresa apenas finge ter compromissos sustentáveis, para angariar reputação, clientes e investimentos. Mas, na verdade, é tudo uma grande fraude...
Tanto que o CEO da Tesla e do Twitter, Elon Musk, declarou que o ESG seria o “diabo encarnado”, tendo em vista a dificuldade de se contabilizar e metrificar as iniciativas de ESG, uma vez que não há um certificação objetiva e técnica a respeito do assunto. Embora engajado em projetos inovadores e tecnológicos, Musk vem fazendo severas críticas ao modelo ESG, evidenciando seu desencanto e descontentamento a respeito da metrificação e contabilização destas boas práticas. O ataque de Musk ao ESG ganhou um tom mais alto quando a Tesla foi excluída do índice ESG da Standard & Poor's (S&P 500), que é uma agência global de rating, isto é, de classificação de empresas, ativos, e do perfil de risco de crédito de países. A agência de rating justificou a saída da Tesla por possíveis falhas nas práticas de ESG. Uma vez que a Tesla foi excluída do índice ESG da Standard & Poor's, ficou mais difícil para a empresa conseguir investidores e créditos mais baratos no mercado.
Ou seja, ser ESG hoje significa $.
Logo, o que devo fazer para metrificar e contabilizar as iniciativas de ESG, para me legitimar a receber este capital?
Existem várias metodologias, tanto nacionais quanto internacionais, que envolvem reportar ações corporativas de sustentabilidade. Uma delas é a GRI (Global Reporting Initiative), que foi o primeiro framework criado e é o mais utilizado no mundo. Inicialmente, seus objetivos eram fornecer às empresas indicadores de práticas ambientais responsáveis. Posteriormente, as métricas foram expandidas para incluir direitos humanos, governança e bem-estar social. De acordo com o GRI, há as seguintes etapas para elaborar um relatório de sustentabilidade:
Preparar – Conectar – Definir – Monitorar – Relatar
1 – Preparar: Fase de discussão interna, considerando inclusive gerentes e diretores, com o intuito de identificar os impactos econômicos, ambientais e sociais positivos e negativos que são mais evidentes.
2 – Conectar: Contribuição dos diversos públicos inter-relacionados à organização sobre os aspectos que devem ser considerados no âmbito ESG para o relatório como stakeholders, fornecedores, colaboradores etc.
3 – Definir: Definição pela equipe de gestão dos aspectos positivos e negativos mais importantes que serão relatados, contribuindo para a definição do conteúdo e principais enfoques do relatório.
4 – Monitorar: Coleta dos dados e indicadores que serão inseridos no relatório final. Essa etapa auxilia na identificação de quais aspectos devem ser monitorados, o que irá auxiliar em um reporte mais claro e transparente.
5 - Relatar: Envolve a preparação, redação e definição de decisões importantes sobre como comunicar no relatório final os resultados dos dados coletados.
No Brasil, uma metodologia de muita relevância é o Índice de Sustentabilidade da B3 (ISE B3), cujo objetivo é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial, apoiando os investidores na tomada de decisão de investimento e induzindo as empresas a adotarem as melhores práticas de sustentabilidade, uma vez que as práticas ESG contribuem para a perenidade dos negócios.
Toda empresa, de alguma forma, já tem alguma iniciativa de relevância em ESG, mas que ainda não foi contabilizada ou reportada. Assim sendo, cabe às empresas identificar e diagnosticar essas iniciativas, contabilizá-las social e financeiramente, a fim de que haja uma melhor governança a respeito destas boas práticas que a empresa já adota, reportando à sociedade, aos colaboradores e ao mercado em geral esse importante ativo que antes era intangível e que, agora, passa a ser mensurável.
Ato sequente, uma vez diagnosticadas e contabilizadas essas boas práticas, criar um plano de ação, a fim de perpetuar esse ativo, que agora é tangível, bem como evoluir o nível de sustentabilidade e maturidade da empresa.
Afinal, ESG não é um projeto, com começo, meio e fim. É uma jornada...
Bem vindo a essa nova aventura!
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