Por Aline Horstmann Rebelo | 12/10/2022 ás 09h00 | Atualizado 11/10/2022 ás 02h33

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E quando os filhos adoecem?

E quando os filhos adoecem?

Nós mães vivemos um difícil dilema em meio a maternidade e carreira quando nossos filhos adoecem, uma dúvida que machuca em não saber como seguir nesses dias em que nossas crias só precisam de colo e como equilibrar as prioridades – já que são exatamente nesses dias os deadlines de algum projeto ou negociação, ou aquela reunião super importante na empresa esperando por nós.

Essa semana, meus dois filhos ficaram doentes, depois de muito tempo, graças a Deus, em um mês atípico para gripes infantis, o que nos pegou de surpresa - estamos em Outubro e o que se espera são crianças correndo em meio a semana de comemoração ao dia delas, sol forte e tempo firme. Na minha cidade, parece que estamos em um verão chuvoso, em meio a um clima seco, alternando dias extremamente quentes e dias de queda brusca de temperatura. Quem é mãe de mais de um filho já sabe que quando um pega uma virose, certamente o outro também vai pegar, ou ao mesmo tempo, ou dias depois. Então mentalmente eu já me preparo para dias difíceis a frente – mas quão egoísta pode soar, se quem sofre mais são esses pequenos abatidos e apáticos por febre alta, com olhinhos baixos nos esperando para ver um desenho ou apenas ficar de mãozinhas dadas por toda a tarde enquanto dorme e acorda com o corpinho mais cansado.

Me recordei quando em 2014, o meu primeiro filho ficava doente e o que mais me doía de arrebentar o coração era sair para trabalhar e deixá-lo com outra pessoa olhando. De tudo na arte de conciliar maternidade e carreira, essa sempre foi a parte mais difícil ao meu ver. O que eu posso lhe dizer, é que a medida que eles crescem, eles certamente ficarão menos doentes o que diminuirá consideravelmente essa angustia. Cortamos para 2022 e boa parte das empresas já são adeptas ao modelo de trabalho híbrido o que pode ajudar muito para a mãe que precisa acompanhar seu filho doente. Lembro bem que quando meu primeiro filho nasceu, nem todos na empresa tinham notebook, VPN para se conectar fora da empresa era bem caro e deveria ser usado em casos de urgência, e é claro, não existiam as vídeos chamadas.

Então, voltando para 2022, onde a angústia de ver o filho doente ainda existe porém aliado a uma flexibilidade um pouco maior para acompanhar de perto esse período– nasce uma outra preocupação: a de não entregar o trabalho engolido pelos afazeres de uma casa fora da rotina com crianças doentes. Ora, se em 2014, eu não tinha essa preocupação tão concreta, considerando o fato de não ter os recursos para um home office, o que acontecia era o acúmulo do trabalho, me causando no máximo uma ansiedade para o retorno e seria resolvido quando estivesse de volta ao trabalho. Agora em 2022, com todos os recursos para realizar minhas atividades disponíveis na minha casa, eu não consigo entregar quase nada, por que ao me ver, meu filho quer colo, e quem vai negar um colo ao filho doente? Aí nasce a frustração e o sentimento de impotência. Você já passou por isso? Assim que esse sentimento começa a aparecer eu dou um jeito de não alimenta-lo e focar nos valores que são mais importantes em nossa vida – na minha sem dúvidas, a minha família.

Eu fiquei dias sem conseguir entregar, atravessando noites mal dormidas por alternar banhos e remédios de febre e uma doação materna por completa. Não é o amor que cura?

Se Aline de anos atras estaria sofrendo, agora, a Aline de hoje entende que é possível equilibrar alguns pratinhos e renegociar prazos para outros... Enquanto ele dormia, eu fazia – enquanto ele se distraia sozinho, eu atendia calls e assim foi caminhando nossa semana.

O que eu o quero dizer para você é que nunca ficará mais fácil, ainda que com tecnologia e recursos. Tudo vai depender sempre da sua visão de como encarar as circunstâncias da sua realidade naquele momento. Se você tem a possibilidade de ter um trabalho híbrido, negocie com seu líder a participação em reuniões de que de fato são imprescindíveis e as entregas para um período que for possível conciliar com a rotina de cuidados junto ao seu filho. Se seu trabalho não é híbrido, negocie com sua liderança para que neste período você atenda de maneira remota. Traga leveza para dentro do seu lar e não uma pressão do trabalho.

Coloque o foco naquilo que dependa exclusivamente de você, delegue o que não precisa e peça ajuda quando for necessário. Não carregue a culpa em momento algum por cuidar de quem precisa de você. Por mais que pareça impossível e distante, serão poucos dias, o trabalho se ajeitará em um espaço curto e seu filho saudável lembrará com carinho daquela sopinha que só você sabe fazer em momentos assim. Aquela mesmo que você aprendeu com sua mãe, quando você era a criança doente.

A chave da vida é o equilíbrio, e não seria diferente para a maternidade e carreira. E lembre-se sempre, todos os dias se possível, você não está sozinha, ainda que não tenha uma rede de apoio, compartilhe esses momentos com as outras mães da escola, as amigas da faculdade ou aquele grupo materno de whats... as vezes o que a gente precisa mesmo é colocar para fora. Então permita-se ser ouvida!

Tudo passa, até a infância dos nossos filhos.

Eles não serão crianças para sempre e o nosso trabalho pode sim ser direcionado e renegociado de acordo com a realidade de cada um, só não vale carregar uma culpa por isso - apenas leveza!

E claro, muito amor!

Com carinho,

Aline  - @nobrium_carreira



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